Saída da marina de Oeiras. 14h
Logo à noite vou dormir aqui. Convém não haver discussões, não há muito espaço hehehe.
Luz solar 14h.
Velejadores no Bugio.
Veja junto à costa.
Sintra ao longe envolta em nevoeiro.
Luz solar. 15h30
O melhor amigo no mar :)
À proa.
O vento nas velas.
Mar de prata. Luz solar às 17h.
Outras embarcações...um bocadinho....mais rápidas.
O meu primeiro pôr do sol à vela.
Baía de Cascais
O dia estava quente quando saímos de casa, uma dádiva se pensarmos que estamos no final da primeira semana de Novembro.
Sol, uma ligeira neblina, céu azul e uma temperatura que devia passar os 20º.
Saí de t-shirt como qualquer miúda gabarola sabendo que a minha coragem tinha os minutos contados. Assim que chegamos à marina, aparelhamos o barco. É-me sempre difícil recordar de memória de todos os preparativos antes de zarpar, apesar de já ter feito a mesma tarefa repetidas vezes, acho que o medo de me esquecer faz com que isso realmente aconteça.
Rumamos directos à Costa da Caparica, com um ventinho agradável e morno.
Devíamos estar a avançar mais depressa para estes nós. Olhamos para a vela para a afinar e ele dá-se conta de que eu tinha colocado a adriça mal. Em vez de estar no primeiro furo, junto ao mastro, estava no segundo mais afastado que impedia de esticar a vela na perfeição. Coro embaraçada, é um erro básico que nos vai custar velocidade, já para não dizer que é visualmente cómico como quando abotoamos a camisa toda com um botão na casa errada e parecemos encarquilhados e retorcidos. Bolas!
A neblina encobria um pouco as linhas do horizonte, pelo que não podíamos ver com nitidez o seu recorte. As cores, essas sim, nítidas e volumosas como num quadro a pastel eram bastante interessantes de contemplar. Nunca me canso de perscrutar com minúcia o horizonte e a sua infinidade de singulares. É uma visão quase atirada para fora da realidade esta que o mar nos permite ter de terra. Um distanciamento provisório que nos retém num limbo temporal onde há uma pausa suficientemente grande para nos questionarmos acerca dos "porquês".
Porquê aquelas duas torres que nada têm a ver com o resto da paisagem, Porquê a razão de existir daquele forte, Porquê aquele amontoado de casas, Porquê esta construção sem charme ombreada por palacetes e challets novecentistas?
Assim que pisamos a madeira salgada do veleiro é como se um parágrafo gigantesco se abrisse nas nossas vidas, uma abreviação recheada de conteúdo pautada por uma respiração diferente.
Depois de quase duas horas mar a dentro, já ombro a ombro com a Costa da Caparica era hora de mudar de bordo e rumar direitos da Cascais. Convinha chegar ainda com alguma luz para facilitar as manobras na marina.
Viramos de bordo andamos algumas milhas a uma velocidade muito baixa até que atingimos a estonteante velocidade de 0.0! O que é mais ou menos o equivalente a dizer que não havia vento e como também não há remos, só nos resta o motor. Bah!
É bastante irritante e decepcionante quando em mar alto o vento nos abandona sem sequer um Volto Já ou Vou ali já venho. Indicente! Há quem diga que é com pouco vento que se ganham regatas pois é aí que se pode por à prova a real perícia dos velejadores, mas regatas sem vento também não as há. É a primeira vez que me deparo com esta situação.
Ligamos o motor e lá fomos nós.
Já bastante mais perto, na zona do Estoril e ainda com bastante tempo até ao pôr do sol, voltamos a desligar o motor e andamos uns belos minutos à deriva ao sabor da maré. Fomos até à proa ver a baía de Cascais ao fundo, coladinhos um ao outro para nos protegermos do frio que com o aproximar da noite aumentava. Poderão dizer que há dificilmente coisas mais clichés que um par de namorados armados em Kate Winslet e Leonardo di Caprio no Titanic, é verdade, mas quanto a isso, em boa verdade, "estamo-nos a borrifar" também há poucas coisas que saibam tão bem como ter por xaile os braços quentes e a força tranquila de quem nos ama.
Subitamente voltamos a apanhar vento. Afinamos as velas e apontamos a mareação à marina de cascais enquanto o sol tombava no horizonte. O vento frio levantava-se enregelando-me as pontas dos dedos onde a luva não chega. Não sei se tenho frio, se me sinto viva, se ambos são tão cruamente parte do mesmo que é impossível um sentimento simples da pele.
O sol deixa-nos. Sorrimos cúmplices no meio da azáfama. Recolher as velas, colocas as defensas para levar o veleiro para a marina, preparar cabos para conversões. É nestas alturas que me sinto completamente aquém do necessário, devia ter mais força e destreza, penso. Ele espera por mim. Nunca se zanga, corrige-me e explica-me pela enésima vez o que tenho de fazer. Adoro-o por isso.
Chegamos à marina. Check in. Dão-nos um lugar e à nossa frente aparece um insuflável a indicar o caminho. O lugar é apertado e longe da entrada apesar de não haver muitas embarcações - equivalente a um estacionamento de supermercado vazio em que o nosso lugar é entre uma carrinha de 7 lugares colada ao risco e o pilar do edifício.
Tentamos duas vezes sem sucesso apontar o barco para atracar. O rapaz da marina oferece-se para ajudar e aponta para nós o insuflável em aceleração. hummm! será este fulano doido?! O barco a recuar leva uma pantufada seca e vira imediatamente fazendo a curva e entrado no espaço livre como quem calça uma luva. Isto comigo pendurada com metade do corpo de fora preparada para lançar os cabos das amarras. Se ficam impressionados com os trapezistas e domadores de leões do circo deviam ter visto era manobra.
Terra!
Agora repor energias. :) 2 Mojitos se faz favor!
Uma entrada do chef de bife de robalo com redução de coca-cola. Inovador e muito bom ao contrário do que previra, um sabor agradável semelhante a confitado, mas ligeiramente mais avinagrado. Depois, sopa de peixe, carpaccio de camarão, vieiras com risotto de espargos e bifinhos de porco preto com migas de tomate.
Tudo absolutamente delicioso e com um serviço 5,5*.
Mais mojitos!
Voltamos para o barco cansados, ensonados e felizes.
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