06/03/2012

Elogio à Sopa

Parece veludo branco, quando se olha. Num primeiro gesto, dá-se conta de haver mais qualquer coisa. Isso é o que acontece ao olhar. Logo a seguir, vem a parte em que se sente. Aquele efeito de uma sopa quentinha. Penso sempre que não deixa de ser curioso. Porque é uma daquelas coisas de todos os dias, no fundo. Uma sopa faz-se muito rápido, a maior parte das vezes. Não obedece a procedimentos muito elaborados. A base é simples, mesmo que possamos complicá-la. Ou sofisticá-la. Em todo o caso, aquilo que tenho aprendido nestes anos todos, é que as sopas mais simples são as que fazem melhor. Todos os dias isto. Até pode ter sido um dia complicado. Até pode ter acontecido sentir que não se é mesmo nada. Mas o ritual de fazer uma sopa, por ser tão humilde, tão à medida das nossas limitações, reconcilia-nos com aquilo que em nós vai abaixo. Seja o que for que aconteça, ser capaz de fazer uma sopa, há-de ser sempre possibilidade de colo. Daqueles que não se pede a ninguém. Como se pudéssemos olhar-nos de fora e concedermo-nos o conforto de um colo. Seja o que for que venha por aí.

05/03/2012

Agora mesmo...

No meio da confusão, do meu dia mais cheio

Vem-me uma saudade súbita
Do teu sorriso
Do teu abraço

Adormecia agora no teu regaço.

Sonho impreciso,
Amar-te é como andar de manga curta,
Felicidade e ternura,
És o meu verão que sempre dura.

És o único futuro em que creio.

02/03/2012

Miami, por do sol antes de apanhar o avião


"Para quem faz do sonho a vida, e da cultura em estufa das suas sensações uma religião e uma política, para esse, o primeiro passo, o que acusa na alma que ele deu o primeiro passo, é o sentir as coisas mínimas extraordinária e desmedidamente. "

Livro do Desassossego - Educação Sentimental
Bernardo Soares