Saímos de Lisboa sábado de manhã para mais um fim de semana no sossego do Alentejo, na casinha de Portalegre.
A viagem foi rápida e chegamos mesmo a tempo do almoço. Assim que abri a porta, veio-me imediatamente o cheiro da lareira, aquele aroma quente e rural que nenhum aquecedor do mundo consegue dar. Pode-se replicar o calor, mas não se replica a experiência.
Pousamos a mala no quarto e fui logo espreitar a sala grande, quentinha e acolhedora.
Por feliz coincidência, calhou precisamente este fim de semana a festa da castanha de Marvão.
Depois de um belo almoço, metemo-nos no carro e fomos até Marvão, mas devido ao muito trânsito fomos obrigados a estacionar 2km abaixo da vila e ir a pé. Estrada cima, vi à beira do alcatrão um muro para uma estrada de calçada que me intrigou e que resolvemos seguir. A minha curiosidade foi recompensado, ao contrário do que anunciam os provérbios e encontramos a estrada antiga que ligava Castelo de Vide a Marvão.
As cores e a quietude do caminho são de uma beleza de aguarela, a perfeição das pedras angulares, irregulares, desgastadas pelos invernos e verões sucessivos, imaginar ancestrais caminhantes por aqui. Conversas todas, outras vidas e outras tradições.
O Alentejo tem estes tesouros escondidos só partilhados com quem tem vagar e alma com espaço e ouvidos.
Marvão à vista.
Tão bonito foi o percurso que tive de o repetir no dia seguinte, Domingo, com uma companhia mais apta a caminhadas :)
Subimos com o fresco da manhã e os ventos das estepes a estrada antiga até Marvão.
Demoramo-nos pelas ruas cheias de gente, pelo labor dos artesanatos, sorvemos no ar os aromas das castanhas assadas, do folclores e dos tambores. Deixamo-nos recuar no tempo sem resistência, às origens do que é nosso e que esquecemos na cidade.
Bordados com casca de castanha e pinturas com o mesmo tema.
Compramos castanhas e nozes a peso - gostava dever uma destas no Continente!
Ruas cheias de tradição.
Nacos de touro e porco tirados das histórias do Astérix.
Tambores e pifarradas medievais.
Voltamos pelo mesmo caminho onde a cor das árvores parece acessa e o rumor da brisa que passa e me gela as mãos, me aquece o coração.
Hoje fui feliz aqui.
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