20/09/2010

Nevada - Califónia: Síntese


As nossas férias chegarem ao fim e trazemos uma série de histórias para contar.
O percurso foi Las vegas - San Francisco - Salsalito - Lake Tahoe - Yosemite - Sequoia Park - Monterey - Carmel - Santa Barbara - Los Angeles - Laguna Beach.

Las Vegas é engraçada de conhecer, mas pouco relevante para se ficar por lá. 
O mais giro é mesmo jantar e sair à noite para ver um espectáculo, durante o dia a cidade mostra o seu pouco conteúdo, reduzida a lojas e casinos. Chega a ser decadente ver a zona original da cidade, com os negócios a meio gás e as pessoas a deambular na rua para passar o tempo. À noite a cidade enche-se de pessoas, luzes de neon e torna-se apelativa.
Fartos da cidade acabamos por viajar em seu redor pelos canyons (red and black) e por Hoover Dam, a paisagem é muito bonita.
A nível gastronómico o vencedor do top mau das férias foi em Las Vegas, na Freemont, uma Oreos fritas... sim fritas, é dificil explicar, imagine-se uma fartura das que vemos nas feiras em forma de bola de berlim cujo centro é uma oreo.







A Califórnia é encantadora a norte e na zona interior. 
San Francisco apesar de ser bastante grande é uma cidade tranquila onde a diversidade vive em harmonia. Penso que o facto de ser muito caro trazer o carro para o centro contribui para isso, a portagem são 6$ e o parqueamento 2,5$ por 15 minutos!!!
Não é imponente como NY, mas é muito acolhedora e diversificada. Tomamos um excelente pequeno almoço num recanto do business district muito conhecido, o Sears, e imprimimos notas com a nossa cara no museu da Well Fargo. Foi divertido.
Fizemos um percurso de "scenic drive" que atravessa a cidade e todos os pontos mais notáveis e interessantes e acabamos a jantar em Salsalito que está na margem oposta. É uma pequena cidadezinha numa encosta, muito calma e povoada de aficionados da vela :)

Na manhã seguinte seguimos para o Lago Tahoe que foi a melhor surpresa de toda a viagem. A paisagem simplesmente arrebatadora, sobretudo a parte norte.
O lago nasceu de uma erupção vulcânica que tapou a saída que seria o vale e levou à formação do lago. Rodeado por montanhas, há inúmeras estâncias de ski no Inverno. Nesta altura do ano há outros desportos que se podem fazer como canoagem, vela ou escalada. Qualquer um deles em grande serenidade e comunhão com a natureza. Nós fizemos um piquenique em plena montanha, num lago mais pequeno rodeados de esquilos e pássaros a la livro de histórias da Branca de Neve.

Percorremos quase todos os parques naturais incluindo a almejada visita às sequóias gigantes após um dia de viagem e muita perseverança do meu rapaz. Apesar do cansaço valeu a pena!

Depois fizemos Monterey e Carmel que são também muito bonitos, sobretudo Carmel, com umas casinhas à beira mar que mais pareciam de hobbits com os seus telhados ondulado de um material a imitar colmo.
Vimos leões marinhas e focas nos cais como se não houvesse ninguém a incomodar. Achamos impressionante a proximidade e equilíbrio conseguidos.

Ficamos ainda em Santa Barbara, também uma cidade acolhedora e depois Laguna Beach para fugir a Los Angeles onde passamos o dia e não gostamos nada de tão urbana e suja. Os sítios turísticos são engraçados, mas perdem-se no meio do rebuliço agressivo da cidade e das pessoas muito extravagantes com uma postura um pouco hóstil. Sem dúvida, o menos interessante da viagem.

15/09/2010

Someone said...

A journey is like marriage. The certain way to be wrong is to think you control it. Steinbeck

20/06/2010

Salema - Junho 2010








Gostamos de viajar para sul como as aves migratórias fugindo ao frio. 
Portanto são inevitáveis aos viagens até ao sul do país, o Algarve. Infelizmente para muitos o Algarve é sinónimo de pouco mais de Julho e Agosto, praia, escaldões, noitadas e engates fáceis aos "bifes" de férias. É um turismo divertido para um fim de semana é certo, as discotecas, a cor, a animação, o cheiro a frango assado com piri-piri e sardinhas a pingar na grelha, os copos, a malta, as ressacas, os hotéis apinhados. Se dissesse que não gosto de uma bela noitada até cair e os pés deixarem de se sentir mentia, mas aflige-me que pouco mais se conheça que esse Algarve de plástico, brilhante e superficial.
Seguindo a linha da costa para barlavento, deixando para trás Albufeira, Portimão, Lagos, aproxima-mo-nos da costa vicentina. 
Aí, entre colinas, já longe dos turistas ávidos de emoções fortes e alucinantes da noite algarvia, longe do ruído da corja ruidosa da juventude em férias, mas também ainda longe da paisagem agreste de Sagres procurada por surfistas, hippies e fãs da natureza, encontramos Salema.


A vila é pequena. Do alto da colina onde normalmente ficamos hospedados, no The View, vemos a vila toda semeada semeada de casas pintadas de branco, desde a colina até ao mar. O crescimento tem sido feito à custa do crescimento da comunidade de ingleses, alemães e holandeses reformados que   se deixam fascinar por esta tranquilidade morna.


O que mais gosto deste sítio é o mar.
Há qualquer coisa de absolutamente inebriante no azul do mar de Salema.
É límpido, mas não é cristalino e transparente, é uma limpidez grave, como se tivesse o mar dentro e o fosse parindo aos poucos. Como se todo o azul do céu estivesse a escorrer de dentro daquele ventre profundo e líquido, carregado de histórias de gente de lágrimas e sorrisos salgados.


Desta vez levanto-me mais cedo do que o costume, trouxemos os miúdos e eles acordaram com a alvorada, sinto os seus pés pequenos e descalços a correrem pela casa como formigas ansiosas perto de açúcar. A proximidade da praia enche-os de excitação. Há qualquer coisa que o mar acorda em nós em qualquer idade e que todas as palavras e reflexões sobre o assunto se mostram inócuas para o explicar. Pequeno almoço tomado, descemos os três até à praia. Devem ser oito da manhã. A areia, fina e branca ainda não tem pegadas, nós e as gaivotas somos os primeiros a revolvê-la e a deixar rasto. As gaivotas voam energicamente à volta do último barco de pesca na ânsia de apanhar todo o peixe que se escape das redes. A primeira que apanha um peixe é agressivamente saqueada de todos os quadrantes pelo que a única parte do peixe que consegue engolir é a pequena porção pelo qual o segurava, tudo o resto desaparece por entre dezenas de bicos esfomeados.


A lota de venda de peixe é pouco maior que um pequeno quintal e no passeio à frente da praia meia dúzia de agricultores vendem os produtos da horta e tentam fazer algum negócio, tão difícil para estes lados. Gosto do cheiro desta fruta e destes legumes sadios. Infelizmente não trouxe dinheiro e voltar ao apartamento com os miúdos a reboque parece-me uma tarefa pouco apetecível. Uma das vantagens de ficar aqui é o facto de se poder alugar um apartamento a bom preço, todo equipado e se poder fazer grandes churrascadas na varanda. Comer ao ar livre, quando não há mosquitos e a vista é de sonho,  é possivelmente o melhor tempero de uma refeição.